Textos e Poesias
2014

Março

17 de março, 2014

Essência

Construí a essência do meu ser
sou essência,
a essência de ser.

Busquei o essencial no meio social
Porém, as coisas apareceram banais
Banalidades da essência
E a essência é banal?

Essencialmente, não percebi nada
Muito menos criei
A essência nem se cria

De onde, afinal, vem a essência?

Se sou feito de vida
e a vida é essencial para viver
logo, se vivo sou a própria essência da vida.

21 de março, 2014

Chamada

Irei matá-la
Cortar pedacinho
por
pe-da-ci-nho
Até que não sobre nada de sua ignorância

Irei destruí-la
E reconstruirei sua imagem despedaçada na minha mente
Na minha frente

O primeiro corte será no pescoço
(Ah! e estará de cabeça para baixo)
Um corte para que saia todo o sangue
Enquanto ainda se debate pela existência

Logo,
Arrancarei sua cabeça
Depois os braços, que carregam o pouco de vida
Depois, as pernas, que lhe trouxeram até aqui

No fim,
restará seu corpo
inútil e sem vida
jogado na sala de aula

Eu assinei a chamada!

Entre março e setembro

(Sem Data)

Observação sobre o Bar

Já observou as pessoas no bar
Elas sorriem
Por felicidade ou por ebriedade
Todos falavam
Isso é fato
E todos se entenderam
Sem entenderem nada

No Bar

Sozinho no bar
procuro a poesia nas pessoas falantes
e na minha solidão.
Ora!
Minutos atrás tinha alguém
que me beijou como poesia
Horas atrás, tinha alguém
que falava como poesia
Meses atrás, tinha alguém
que me lembrava coisas como poesia
Anos atrás, eu era alguém
que brincava com o mundo como poesia
tempos atrás, tinha alguém
que escrevia poesia que ninguém lia
Momentos atrás, tinha alguém
que me perguntava o que era poesia

Poesias atrás, tinha alguém
que falava de momentos
de horas, dias, meses e anos
e tempos e épocas e minutos

Pessoas atrás, tinha eu
que fingia saber de algo

Eus atrás, tinha eu,
que só, estava a escrever.

Não Sei

Sem entender nada
Alguns brigavam
Gritavam com argumentos chutados
Sem entenderem nada
Bebiam sempre
Fumavam o sopro do peixe
E falavam

Os sóbrias não existem
ficam nos cantos escondendo seus gritos
O grito da embriaguez generalizada
Não precisavam de letras
Nem de retalhos
Eram si próprios retalhos de letras perdidas
nas vozes da embriaguez

Nas vozes da embriaguez
gritavam de mundos paralelos
A lucidez louvável
Viagem lúcida
Do raio que pariu o doce verde da vida

Os bêbados sempre vão cantar mais
Os sóbrios...
Choremos vossas lágrimas ácidas

Noite Adentro

Noite adentro depois de foda lá fora
Teu gosto sombreia meus lábios

Teus suspiros aspiram meu ser
Sem nada além de versos
beijos além de versos
Adeus de Versos
De versos
Versos

Ser meu teu transpirar versos
Nada ser versos daí amem
Saber o amém de marços
A deus meus laços
Ser deus
Servos

Setembro

02 de setembro, 2014

A noite clara

Passo a noite em claro
com meu passo claro
de um louco sem lei

A lei eu sei que tem
Virar o dia e ficar até o fim
e o fim é só o começo de mim

Já me fiz de são no começo do dia
e passei o dia sem ver raios no céu
fui meu deserto, até em dia nublado

Mas sigo com meu passo...
Me disseram que fui careta
fui junto e continuei a loucura

Fui mais esperto um pouco depois
Como estive por perto de quem também é louco
pude ver, e tirar meu livro da gaveta

Fiquei sarjeta, na calçada
Do que tirei da gaveta, fiz de morada
No bolso da jaqueta, um gole de cerveja

15 de setembro, 2014

Me perder na ficção

Quero fugir de casa
Não quero fugir
Só não quero voltar

Quero parar de estudar
Parar de saber de coisas
Inventadas por alguém
Para fingir entender algo
Não quero saber

Quero estar com você
Não quero ouvir sua voz
Apenas o silencia do seu olhar

Quero fugir do mundo
Fingir que estou são
Da forma que a razão pedir

Quero me despedir
Mas não quero as sete palmas
Quero me perder em minha mente
Quero me desprender de tudo

22 de setembro, 2014

Dentro de mim

Já não sei o que se passa em minha mente. Dos mortos, vieram vozes e mais nada.

Os mortos que carrego dentro de mim estão, dentro de mim, mortos.

Fúnebre, mas não vejo lápides nem rosas, nem lamentos.

Vejo um céu, um Sol e eu, no mais puro prazer de não fazer nada, pois tudo serve para nada e como nada para o mar. É fazer nada, mas ter que nadar para não se afogar.

E, agora, sinto estar me afogando dentro de mim. Dentro de mim não há mar. Dentro de mim há um Sol e sinto-me queimar: de vontade, de amor, de dor, de combustão e viro fumaça e me disperso.

Dentro de mim há uma cova. Dentro de mim de mim de mim de mim de mim...

Outubro

15 de outubro, 2014

A vida é...

A vida é
como um papel
quando escrevemos:
a tinta se mescla
e o papel passa a significar
o que está escrito

Nada é além do que ser

Nada é além do que ser
Sendo todas as coisas o que é cada uma
De fundamentos gramaticais
Uma pedra quadrada e uma pedra redonda
São pedras e quadrada é forma e redonda é forma
Isso são apenas modos de dizes que tal coisa é tal coisa
Mas não apenas o que são
A língua, a palavra, é jeito de evocá-las do imaginário

Se imagino uma flor
Tenho a flor dentro de mim
E passo a ser todo imaginação

Além do Tempo

(Sem data)

Com Fusão

Confusão
a dois
é com
fusão

A festa

Vai começar a festa
Estarão presentes todos seus amigos
Até os que já foram

Terão bêbados gritando poesia
E poesia dentro de cada copo
Dentro das bocas terá o doce
Doce sabor de maravilha

Amar e cantar
Dançar e sonhar
O tempo rodará a nossa volta
Por algum momento se contentará
E sempre mais
Tempo e poesia
Amor e alegria
Reclamarão

A fábrica

Todos os dias eu me sentava
no quintal e observava
o tempo, as nuvens, os pássaros
Não era um cenário muito bonito
mas me agradava

Um dia, vi um pássaro
diferente de todos os outros
Ele pousou no muro e ficou
me encarando, mexendo a cabeça como um pássaro
Abriu o bico e soltou um som
Um som familiar, mas não me lembro
de ter ouvido antes
Voou...

No dia seguinte, lá estava ele
em cima do muro
diferente e todos os outros
e com aquele som
Era um pássaro bonito
Foi assim durante uma semana

Gostava de ver aquele pássaro
Um dia, ele não pousou no muro
voou em minha direção,
parecia querer me atacar
me assustei e ele se foi

Meu vinho estava no chão
uma pena branca se tingia nele
me levantei, peguei mais vinho
sentei e observei
o tempo, as nuvens, os pássaros

Viajar

Vou viajar para longe daqui. Chamei papai, mamãe, irmãos e a titia. Preparamos as malas e vamos levar Totó. Vamos ir de ônibus, Totó não pode ir, não temos jaula. Totó chorou.

Na estação, titia que é solteira, cortejou o motorista. Mamãe e papai riram e meus irmãos cantaram. Eu lembrei de Totó.

A viajem foi longa. Durante o trajeto, o ônibus estragou duas vezes. Papai reclamou, disse que nunca mais vai n mais barato. Mamãe olhou a mata na beira da estrada e pareceu feliz. Acompanhei ela. Os irmão dormiam e nem notaram a parada. Titia sumiu. O motorista também. O mecânico chegou. Depois, seguimos a viajem. Titia estava alegre. O motorista assobiava.

Chegamos. Já era noite. Dormi no hotel. Todos dormiram.

Cortês

Se sou cortês
cortesmente
Cortesmente?
Sou cortes porque sou
e amo porque amo
Se é cortês ou não
Eu amo!
Não venha com seus estudos
classificar o meu amor
Se sou pobre ou rico
Preto ou branco
Eu amo!
Com versos ou sem versos
Amo!
Se estou errado perante você
Eu amo!

Poema em Pó

Escrevamos poemas
É uma pena não ter poema
Poema na pena, que pena

Poema em pó
“Pó pô pó?”
Pode por pó que a gente pena

Agente poético de pó
É pé na porta
Pé no pó da pena

Pó no papel queimado
Quimera de pó, pé e pena
Papel que vira pó

Minha gente que tem pena
É pé na ponta
A ponta da pena do pó da porta que pensa

Que pena
Poema feito de pó
No papel da porta de pena